O dia das mulheres é uma data para reflexão

mulheres agricultoras, indígenas que zelam pela saúde alimentar de todos os brasileiros / Ilustração do artista @matheusribsoficial

8 de março é dia reflexão. É dia de pensarmos como o Estado explora a força de trabalho das mulheres, nos nega os direitos sobre nossos próprios corpos e criminaliza nossos movimentos. Há quem diga que a luta das mulheres já não é necessária. Porém ainda hoje, recebemos menos que os homens e a diferença salarial chega, em média, a 26% na América Latina.

Que nesse dia 8 possamos refletir sobre o trabalho invisível das tarefas domésticas e de cuidado, que não são remunerados e adicionam três horas a nossas jornadas laborais. Que se entenda de uma vez por todas que estas violências econômicas aumentam nossa vulnerabilidade diante da violência machista, cujo extremo mais brutal são os feminicídios.

Hoje também é dia de reivindicar o direito ao aborto livre e para que não se obrigue nenhuma menina a enfrentar a maternidade. Nós mulheres, dependemos do apoio uma das outras, porque somente nós conhecemos o temor diário ao realizar as mais simples tarefas, como ir até o ponto de ônibus para trabalhar. Devemos lutar pela valorização do trabalho também invisível que fazemos, que constrói redes de apoio comunitárias e estratégias em contextos difíceis e de crise.

Que seja também uma data de reflexão pelas mulheres ausentes, as vítimas de feminicídio, vozes apagadas violentamente que chegam ao assustador número de 13 mortas por dia só no Brasil. Pelas também ausentes lésbicas e travestis assassinadas por crimes de ódio.

Em face dessa realidade, rosas simbolizam alienação e a manutenção das desigualdades. Homens, não nos deem parabéns ou rosas. Reflitam, ouçam as mulheres ao seu redor, respeitem suas companheiras e seu compromisso afetivo. E a mais importante contribuição: Conversem com outros homens! Façam seus amigos saberem que depois do NÃO, tudo é assédio. Este será nosso maior presente.

8 de março

O chamado Dia Internacional da Mulher foi oficializado em 1975 quando a ONU estabeleceu a data para lembrar as conquistas políticas e sociais das mulheres. Em 1917 um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial. O protesto aconteceu em 8 de março e os soviéticos adotaram em 1918, desde então a data é utilizada pela maioria dos países do mundo. Após a revolução bolchevique, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da “mulher heróica e trabalhadora”.

 

Por: Maysa Leão