Tecnologia social instalada pelo Sanear Amazônia , que capta água de chuva e trata água do rio para distribuir em comunidades de reservas extrativistas irá beneficiar 99 famílias

O Programa Sanear Amazônia irá beneficiar 99 famílias comunitárias de Fonte Boa, a 887 quilômetros de Manaus, através de uma tecnologia social de acesso à água das chuvas. Dia 10 de fevereiro iniciaram as reuniões de mobilização das comunidades através da reunião dos diretores da Associação Agroextrativista de Auati Paraná (AAPA) com os representantes do Memorial Chico Mendes, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e da Associação de Produtores Rurais de Carauari (Asproc). A previsão para as obras iniciarem é para o fim do mês de abril.

Durante o encontro, diretores da reserva extrativista Auati Paraná (AAPA) receberam os representantes para discutir as principais questões do processo de implementação das tecnologias sociais de acesso à água potável às famílias extrativistas que serão beneficiadas nas comunidades da reserva extrativista Auati Paraná.

As dúvidas sobre a tecnologia social foram debatidas durante os diálogos durante reunião. As mulheres foram as que mais participaram e confirmaram a importância da tecnologia social para a família viver melhor, com mais asseio e saúde para as crianças.

“A gente não tinha privacidade para tomar banho, então o nosso banho era de roupa mesmo. Pra gente que é mulher é até mais complicada essa situação. Como estou grávida, o trabalho de ir até a beira do rio tomar banho ou buscar a água depois do trabalho é difícil”, contou Fabíola Silva, extrativista e comunitária.

Durante o evento, foi destacada a importância das parcerias locais com o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) para apoiar o uso da madeira da reserva para a construção da tecnologia social e com a prefeitura do município no tratamento e controle de parasitoses de crianças de 0 a 12 anos, filhos dos participantes do Sanear e assim como a atuação da Secretaria da Assistência Social em agilizar o cadastramento e atualização do NIS das famílias que serão contempladas.

O coordenador técnico Clodoaldo Pontes reforçou junto aos comunitários a necessidade do compromisso em fazer a gestão e a manutenção da tecnologia social, como forma de garantir que o equipamento prolongue sua utilização. Por isso, todas as comunidades irão assinar um termo de compromisso se responsabilizando com o uso e a manutenção da tecnologia social construída e entregue as famílias extrativistas.

Dione Torquato, representante do CNS, resgatou a história do movimento extrativista brasileiro nos últimos 30 anos que resultou em um conjunto de conquistas. “Água e saneamento é resposta da luta dos extrativistas, hoje transformada em politicas públicas”, disse Dione.

Durante as visitas e reuniões nas comunidades foi constatado que há uma necessidade de água de qualidade e saneamento básico nessas comunidades. A tecnologia social Sanear Amazônia foi bem aceita pelas famílias extrativistas, sobretudo, por vir atender de forma imediata uma questão básica das comunidades: água e saneamento.

Para o coordenador do projeto, Clodoaldo Pontes o resultado das visitas e reuniões demonsrtra que as famílias precisam acessar a tecnologia social, como necessidade imediata. “Nenhuma comunidade tem água de qualidade e saneamento. A tecnologia social em menor ou maior escala é o irá possibilitar essas comunidades a vivenciarem a cidadania”, disse.

Programa Sanear Amazônia

O programa ficou em primeiro lugar no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Comunidades Tradicionais, Agricultores Familiares e Assentados da Reforma Agrária, em 2015, onde concorreu com outras 154 práticas em seis categorias. O programa é parte de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e o Memorial Chico Mendes.