O manejo estimula o crescimento e o controle do pirarucu nos lagos de conservação. Foto Maysa Leão

Realizada no último dia 5 de outubro, a 42ª edição da feira AgroUfam contou com a participação especial da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc) na venda do pirarucu de manejo do rio Juruá, com a pesca feita pelas comunidades extrativistas de unidades de conservação, as Reservas Extrativistas (RESEX) e Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) da região do Médio Juruá – Amazônia.

O manejo estimula o crescimento e o controle do pirarucu nos lagos de conservação e é resultado da organização das famílias ribeirinhas, por meio de estratégias participativas e muito envolvimento comunitário.

Para a Asproc, que coordena a comercialização, a feira, realizada no último dia 5 de outubro, amplia as possibilidades de mercado para o produto, pois é uma oportunidade para vender diretamente para a população consumidora de Manaus o pirarucu de manejo produzido pelas comunidades, estreitando o ciclo de venda com a capital, que poderá consumir o pirarucu do extrativismo,- alimento saudável e regional.

Com a iniciativa, o trabalho torna-se capaz de aliar a conservação do meio ambiente à geração de renda de forma sustentável para quem vive dos recursos naturais da floresta, pois toda a produção é resultado do trabalho de manejo das comunidades.

Os resultados são a recuperação, reprodução e o aumento dos estoques da espécie, em mais de 100 lagos preservados, contribuindo com a sustentabilidade da região. O peixe manejado vive livre em rios e lagos naturais.

Venda de pirarucu de manejo movimenta Agroufam. Foto: Maysa Leão

Foram quase três toneladas brutas de pirarucu fresco, manejado, direto dos lagos do médio Juruá para a mesa dos manauaras. Esta operação gerou uma receita bruta de um pouco mais de vinte e quatro mil reais aos extrativistas.

Flávio Ferreira, extrativista, morador do município de Carauarí e membro da Associação dos Produtores Rurais de Carauari – Asproc, fala sobre as atividades de renda da comunidade.

“Antes os comunitários viviam só da produção da farinha de mandioca e borracha natura, além da pesca de peixe liso sem manejo”, disse ele, que aponta o aumento da produção e renda como um dos principais benefícios do manejo de pirarucu. “A melhoria da renda das famílias, além do aumento das espécies são os principais impactos para nossa região. E não é só pirarucu que é preservado, há várias outras espécies”.

Flávio narra as etapas do processo de manejo, cuidadosamente elaborado todos os anos. “A cada ano planejamos, avaliamos as atividades do ano anterior pontos negativos e positivos e encaminhamos as soluções, acontece também a contagem do peixe de cada lago, se no lago há canoa ou trilha próximo à margem, a logística de ‘voadeira’, a solicitação de autorização do Ibama, e por último, a pesca e venda”, completou.

Para o Presidente da Asproc, Manoel Siqueira, as parcerias são fundamentais para a produzir bons resultados. “ para a realização da comercialização do pirarucu de manejo na feira foi indispensável a parceria e apoio do Memorial Chico Mendes e Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS”, enfatizou.

Maysa Leão