Evento reúne mais de 250 lideranças na UnB
Mais de 250 lideranças dos territórios tradicionais de uso comum, representando coletivos, associações, cooperativas e sindicatos, com presença marcante luta em defesa das populações extrativistas, participarão do VI Congresso Nacional das Populações Extrativistas. O VI acontece de 13 a 17 novembro, no Campus Darcy Ribeiro, Centro Comunitário Athos Bulcão, na Universidade de Brasília (UnB).
Com a temática “Populações tradicionais extrativistas, em defesa da floresta e do clima”, o Congresso é promovido pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), organização criada pelo líder seringueiro Chico Mendes e seus companheiros, durante o I Encontro Nacional dos Seringueiros, realizado em Brasília, na UnB, em outubro de 1985.
Em plenárias e grupos de trabalho, as lideranças debatem pautas relacionadas à mudanças climáticas e crédito de carbono, manutenção e consolidação de territórios de uso coletivos, organização e gestão e políticas públicas sobre educação, saúde, produção, crédito, saneamento básico, energia elétrica e outros temas correlatos de interesse dos povos da floresta.
Durante o VI Congresso, também haverá a eleição e posse da nova diretoria do CNS, composta por 12 membros, para o quadriênio 2024/2027. Conforme o estatuto do movimento, as delegações estaduais serão compostas por, no mínimo, 50% de mulheres, e das quais 30% deverão ser jovens, obedecendo a paridade de gênero e promovendo a transição geracional, com a inclusão expressiva de jovens.
Segundo Júlio Barbosa de Aquino, presidente do CNS, o objetivo é sintetizar novas ideias que reforçarão o plano de ação pela criação de novos territórios, consolidação das áreas existentes e proteção das populações tradicionais.
“O VI Congresso acontecerá no momento em que o Brasil retoma o processo de redemocratização, após graves turbulências políticas e sanitárias, onde nossos territórios foram extremamente ameaçados. Nos últimos anos, vivemos enormes desafios para tornar o meio ambiente equilibrado, justo e de todos (as), como avanço do desmatamento, extração de madeira e garimpagem ilegal, aumento da violência contra nossas lideranças e a carência de políticas públicas de implementação, governança e gestão dos territórios. Todas as contribuições integrarão nossos próximos passos em prol da floresta viva e pelo futuro dos Povos Tradicionais”, explica.
Programação
13/11 (segunda)
9h: “Fórum das Mulheres do campo das florestas e das águas em defesa do clima”
14h: Início aos credenciamentos
18h: Jantar cultural
19h: Mesa de boas-vindas
20h: Leitura e aprovação do Regimento Interno do Congresso
21h: Show Salve o Cerrado
14/11 (terça)
9h: Mesa de abertura com lideranças e autoridades extrativistas
14h: Painel “O papel dos territórios de uso sustentável no combate à crise climática”
16h: Plenária
19h: Jantar cultural
15/11 (quarta)
8h30: Painel “Consolidação dos territórios de uso sustentável, regularização fundiária e infraestruturas para as Reservas Extrativistas”
10h30: Debate em plenária
14h: Painel “Gestão socioprodutiva e as linhas de financiamentos para as economias da Sociobiodiversidade”
19h: Debate em plenária
20h: Jantar cultural
16/11 (quinta)
8h30: Painel “Gestão e Organização Social dos territórios”
10h30: Debate em plenária
14h: Formação de Grupos de Trabalho
16h: Plenária de aprovação da Resolução do VI Congresso Nacional do CNS
19h: Jantar
20h: Sarau cultural “Forró no Seringal”
17/11 (sexta)
8h30: Organização do processo eleitoral
11h: Eleição e posse da Nova Diretoria do CNS para o quadriênio 2024/2027
14h: Mesa de encerramento
16h: Retorno das delegações
19h: Jantar cultural
Sobre o VI Congresso Nacional das Populações Extrativistas
O VI Congresso Nacional das Populações Extrativistas é promovido pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).
Parcerias: Memorial Chico Mendes (MCM), Universidade de Brasília (UnB), Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN), Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Comitê Chico Mendes, WWF-Brasil, Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto de Estudos Amazônicos (IEA), Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Núcleo de Estudos Amazônicos (NEAz – UnB) e Environmental Defense Fund (EDF).
Apoio: Governo Federal, através do Ministério das Mulheres (MMULHERES) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Azul – Linhas Aéreas Brasileiras, Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), Natura, ONU Mulheres Brasil, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rainforest Foundation Norway, Fundo Vale, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte.
Sobre o CNS
A criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, desde 2009 Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), aconteceu no dia 17 de outubro de 1985 durante o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, realizado na Universidade de Brasília (UnB), com a participação de mais de 100 lideranças extrativistas do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará e Amapá.
Recém saído de um longo processo de ditadura militar (1964-1985), quando os povos do Centro-Sul do Brasil partiram para destruir a Amazônia, com incentivo e subsídios do governo federal, o movimento de seringueiros do Acre, liderado por Chico Mendes e seus companheiros de luta, viram no incipiente processo de redemocratização uma oportunidade para defender o seu projeto de reforma agrária para a Amazônia.
Um dos grandes legados coletivos daquele la luta dos seringueiros no I Encontro foi a apresentação, por Chico Mendes, da proposta das Reservas Extrativistas, um modelo de reforma agrária ecológica, adaptado à realidade dos povos da floresta, inspirado pelas Reservas Indígenas, que hoje somam mais de 22 milhões de hectares de florestas protegidas e conservadas pelas populações extrativistas em todo Brasil.
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